quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pessoas vão

Aos poucos e sempre, as pessoas vão.

A toda hora, por estradas, ruas, portas abertas...
Espremidas nas calçadas, penduradas nos apartamentos.
Contando histórias de lástimas e prazeres
— o que somos, além da metáfora de nós mesmos?

Amigos de longas datas se perdem nas agendas lotadas.
Amores eternos não duraram catorze versos,
E os próprios sonetos adormecem,
Como os sentimentos que repousam numa rima passageira.

Mas não há remédio:
É preciso ir, sempre.
Amanhecer novas lembranças,
Desaprender mágoas antigas,
Chorar outras feridas,
Aprender com o tempo redesenhando os espelhos.

E é tão imperioso ir
Que há, em cada ausência,
Um exercício de vazio insubmisso
Reinventando a permanência.