domingo, 31 de outubro de 2010

Mundo Contemporâneo


Alô, Aninha?

É, sim. Quem é?

Sou eu, Aninha.

Eu quem?

Ó, eu sei que você está chateada comigo, e antes de mais nada eu quero te falar uma coisa.

Quem tá falando?

Aninha, eu queria que você soubesse que o lance que rolou entre a gente foi muito especial, mas é que eu não tou a fim de envolvimento sério.

E quem tá falando, por favor?

Eu sei também que você queria algo mais duradouro, tipo um compromisso, mesmo. Mas é que realmente eu saí recentemente de um relacionamento complicado e...

Olha, seja lá quem for, eu vou desligar se não disser quem é.

É o Bruno quem tá falando.

Bruno...? Bruno...? Ah, tá. Bruno. Tudo bem?

Tudo bem. Mas como eu ia te falando, eu realmente queria que você soubesse que você é uma mina especial, mas eu preciso de um tempo pra mim, entendeu?

Sim, claro, Bruno. Eu entendo perfeitamente. Não esquenta, não. A gente ficou, mas sem cobranças.

Por isso que eu tou te ligando. Por que eu sei que você queria um compromisso.

Não, eu não queria.

Queria, sim. Eu sei que queria. E eu gosto muito de você, mas é que esse relacionamento que eu saí foi muito complicado, entendeu?

Bruno, não esquenta comigo. Eu estou ótima.

Eu sei que você não está. Você está chateada comigo. E foi por isso que eu liguei.

Bruno, não se preocupe. Eu entendo.

Mas eu preciso que você entenda que não é você, sou eu, entendeu?

Claro. Não precisava nem ligar pra dizer isso.

Precisava, porque sei que você esperava mais do nosso lance.

Não, eu não esperava.

E também não fica pensando que eu sou um canalha, que eu só queria me divertir com você. Não é isso.

Eu sei, Bruno. Olha, vamos combinar uma coisa: eu não fico chateada com você, e você não liga pra falar mais disso, ok?

Tudo bem. Mas eu espero que a gente possa ser amigo quando essa raiva passar.

Bruno, pela última vez, eu não estou com raiva, não estou decepcionada, não vou me jogar da ponte. Para de dizer isso, por favor!

Tá vendo como você está chateada!

(Ouve-se a voz de Aninha ao fundo) Ai, meu Deus! (Voz de Aninha na altura normal) Bruno, eu vou ter que desligar. É que eu estou dirigindo.

Tudo bem, mas me prometa que você vai ficar bem.

(Silêncio. Bruno olha pro amigo ao lado)

É uma mina lá do Recife. Tá louca por mim, cara! Mas tá broncada porque eu não quero nada sério. Essas mina, vou te contar, meu! Tudo louca!

sábado, 16 de outubro de 2010

Língua em foco

Uma das grandes facetas da dita boa literatura é a atemporalidade, ou seja, a capacidade de ser apreciada em vários momentos da história e por gerações diferentes. E uma das garantias da atemporalidade, especialmente em tempos de “blogalização”, é a velha e darwiniana capacidade de adaptação.

Primeira publicação interativa brasileira para iPad, o livro A menina do narizinho arrebitado parece estar se adaptando bem aos novos tempos. Lançada 90 anos depois de sua primeira edição impressa, a versão eletrônica para iPad traz novidades, como a possibilidade de interação com elementos da tela. Conforme explica Mauro Palermo, diretor da Globo Livros, “Em uma das passagens, durante a noite, o leitor clica com a ponta dos dedos na tela do tablet, em cima do desenho de um vagalume, e, ao arrastar o personagem, ilumina as áreas onde está o texto”.

O e-livro foi apresentado na 21a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que ocorreu em agosto de 2010, e terá uma versão gratuita e uma paga – esta poderá ser adquirida na AppStore do iPad e nas livrarias virtuais Saraiva e Gato Sabido.

Foto: g1.globo.com
A novidade é mais uma prova de que, em literatura, nada se acaba, tudo se transforma.

domingo, 3 de outubro de 2010

Futuro do presente

Chega de futuro!
Quero o presente
Mesmo o que se sente
No escuro.

Sem planos.
Se possível
Quero o inverossímil
O profano.

Dois mil e cem
Dormia.
E nem havia
Dois mil e cem ainda.

Sem estigma,
Que meu futuro ausente
Dê passagem ao presente
Sem enigmas.

Apenas
Puro, simplesmente,
Quero agora
O que será passado no futuro
                        E também presente.